'Do' na Bíblia

Mas o insensato só se tornará sábio quando a cria do jumento selvagem nascer dócil e manso.

Porém, os olhos do ímpio se turvam, seu refúgio malogra, sua esperança é um alento que se extingue”.

“Sem dúvida vós sois a voz do povo; e em vós reside toda o saber, penso que quando morrerem a própria Sabedoria desaparecerá!

No entanto, questiona os animais, e eles te ensinarão; pergunta às aves do céu, e elas de esclarecerão;

ou fala com a própria terra, e ela te ministrará; até os peixes do mar te instruirão.

Assim é o ser humano: algo podre que se deteriora, é como uma roupa carcomida e arruinada pela traça ao longo do tempo.”

Todavia, quando um ser humano morre, tudo se encerra; morremos e nosso corpo se desfaz; logo depois do último suspiro nessa terra, para onde vai o nosso espírito?

Assim como a água do mar evapora e os ribeiros deixam de fluir e secam,

assim o ser humano se deixa para morrer e não mais se levantará; até quando os céus já não existirem, os homens não acordarão e nada os despertará do seu descanso mortal.

Mas será possível que alguém que morra volte a essa vida depois de ter morrido? Quanto a mim, esperarei por dias melhores, até que seja liberado das minhas lutas e do meu árduo labor.

Contudo, do mesmo modo como as montanhas vão se desmoronando, e as rochas são arrancadas de seus lugares;

assim como as águas desgastam e carregam as pedras, e as correntezas transportam a terra de um ponto a outro, assim destróis a esperança do ser humano.

Ele sente apenas as dores do seu próprio corpo; só consegue lamentar por si mesmo!”

“Porventura, proferirá o sábio vã sabedoria, ou encherá seu estômago de ar quente como os ventos que sopram do Oriente?

Este pagamento virá antes do tempo, e os seus ramos não florescerão.

Pois o companheirismo dos ímpios nada lhe trará, e o fogo devorará as tendas dos que gostam de obter privilégios por meio do suborno.

Deus me entrega nas mãos do ímpio e me faz cair nos ardis dos perversos.

Fere-me com um golpe atrás do outro; ataca-me como um guerreiro violento.

Os meus próprios amigos zombam do meu estado, e os meus olhos se desfazem em lágrimas diante de Deus.

Os meus dias passaram, os planos, esperanças e ilusões do meu coração fracassaram.

Será que a esperança descerá comigo até as portas do Sheol, da morte? Baixaremos todos à sepultura e descansaremos juntos no pó da terra?”

Oh tu, que te consomes na tua própria ira, por acaso a terra será abandonada por tua causa? Será a rocha removida do seu lugar?

A lâmpada do maldoso e injusto se apaga, e a chama do seu fogo se extingue.

Ele é arrancado da segurança de sua morada, e o levam à força à presença do rei dos terrores.

O fogo habita na tenda dele, e nada do que possuía permanece; enxofre ardente se espalha sobre a sua casa.

Ele será expulso da luz e do mundo dos vivos para a escuridão dos mortos.

Os habitantes do Ocidente apavoram-se, e os do Oriente ficam atônitos de medo com as notícias sobre a sua ruína.

Em verdade, essa é a habitação do ímpio; essa é a situação daquele que não conhece a Deus!”

Quebrantou-me de todos os lados, tanto que estou a ponto de expirar sobre a terra; despojou-me da esperança que alimentava, como quem arranca uma simples planta do solo.

Até as crianças zombam de mim e acham graça do meu estado quando chego.

Contudo, eu sei que meu Redentor vive, e que no fim se levantará para me defender e vindicar ainda que eu esteja no pó do meu túmulo.

Eu o verei com os meus próprios olhos; eu pessoalmente, não outra pessoa o verá e me dirá como ele é! Oh! Quão intenso é o desejo do meu coração por esse dia!

Com toda a certeza a sua cobiça não lhe trará paz e segurança, e o seu tesouro não conseguirá livrá-lo do mal.

Ele ainda a arrancará das suas costas, a ponta reluzente saindo do seu fígado. Assombro e desespero cairão sobre ele;

Suas casas vivem em paz e segurança, absolutamente livres do medo; a vara da repreensão divina não os vem castigar.

Cantam, acompanhando a música do tamboril e da harpa; alegram-se ao som da flauta.

Ora, quantas vezes se vê apagar a lâmpada do ímpio e se contempla a sua morte? Quantas vezes a desgraça cai sobre eles ou que Deus, em sua ira justa, lhes envie dores e sofrimento?

Segundo o dito popular: ‘Deus castiga nos filhos os pecados do pai!’ Ora, mas é o próprio pai faltoso que deveria pagar por seu erro a fim de que aprendesse a lição!

Portanto, que o pecador receba a sua própria condenação; que seus olhos vejam a sua ruína; que o próprio ímpio beba da ira do Todo-Poderoso!

Porquanto alegais: ‘Onde está a casa do príncipe, o grande homem? Onde está a morada do ímpio?’

Para ele é macio o terreno do vale; assim como uma multidão inumerável o precedeu.

Entretanto, sendo tu dono de muitas terras e vivendo do fruto delas, eras honrado diante de todos.

Diante do exposto, Jó tomou a palavra e respondeu:

Ali, o homem íntegro pleitearia com ele, eu seria considerado inocente e sairia liberto da presença do meu juiz.

Jamais me apartei dos mandamentos de seus lábios, dei mais valor às palavras de sua boca do que ao meu próprio pão de cada dia.

Forçam os necessitados a sair do caminho e os pobres da terra a esconder-se.

Como se fossem jumentos selvagens no deserto, os pobres partem em busca do pão de cada dia; na terra deserta encontram o que dar de comer a seus filhos.

As crianças órfãs são arrancadas do seio de suas mães para servirem como escravos; o recém nascido do pobre é tomado à força, em pagamento de dívidas.

Os olhos do adúltero ficam à espreita do cair da tarde; este diz consigo: ‘Ninguém me reconhecerá’ e cobre o rosto.

A secura e o calor desfazem as águas da neve; assim é a ação do Sheol, da sepultura, consumindo rapidamente os que pecaram.

Diante do exposto, Bildade, da região de Suá, afirmou:

muito menos o será o homem, que não passa de um verme, e o filho do homem, que é um vermezinho!”

É Deus que estende os céus do Norte sobre o espaço vazio; suspende e equilibra a terra sobre o nada.

Fende o mar mediante a expressão do seu poder e com sua sabedoria despedaça Raabe, o Monstro dos Mares.

E isso tudo representa apenas a ínfima parte de todo o seu poder e das maravilhas de suas obras! Um suave sussurro é o que ouvimos de Deus. Todavia, quem será capaz de compreender o trovão e a luz do seu poder?”

Manterei a minha honestidade e nunca a abandonarei; enquanto eu viver, a minha consciência não haverá de se arrepender do bem.

Pois, qual é a esperança do ímpio, quando é destruído, quando Deus lhe tira a vida?

Eu vos instruirei acerca do poder de Deus; não vos ocultarei os caminhos do Todo-Poderoso.

Eis qual será da parte de Deus o quinhão do ímpio e a herança que os opressores receberão do Todo-Poderoso:

O vento oriental o carrega, e ele se vai; sim, varre-o com violência do seu lugar.

Porquanto atira contra ele sem poupá-lo, e ele, de forma precipitada, foge às pressas do seu poder destruidor.

Sai o perverso em disparada e o vento assobia. E, gesticulando seus braços, o expulsa do seu lugar.”

O ser humano não é capaz de perceber o valor do saber; afinal, a sabedoria não se encontra na terra dos viventes.

O coral e o jaspe tampouco merecem menção, porquanto o preço da sabedoria é muito maior do que os rubis mais puros.

O Abadom, o Aniquilamento e a Morte, proclamam: ‘Eis que aos nossos ouvidos chegaram apenas rumores do que vem a ser sabedoria!’

Quando ele determinou a força do vento e estabeleceu as fronteiras exatas para as águas do mar;

“Ah! Quanta saudade tenho dos meses do passado, dos bons dias em que Deus me protegia do mal;

O meu sorriso era capaz de motivá-los quando estavam deprimidos; a luz do meu rosto lhes fazia recobrar a alegria de viver.

“Agora, entretanto, jovens que não respeitam a minha idade, cujos pais eu preteri por justo motivo, negando-lhes inclusive estar com os cães do rebanho, se riem da minha situação.

Do meio da comunidade foram expulsos aos gritos, como se fossem criminosos.

Agora que Deus afrouxou a corda do meu arco de guerra e me prova com humilhação, eles sacudiram para longe de si os freios diante da minha face.

Perambulo como enlutado e nem vejo a luz do sol; levanto-me no meio da comunidade e clamo por socorro.

Minha própria pele escurece e descola do meu corpo que queima de febre.

Porquanto que porção eu teria de Deus, lá dos céus, e que herança do Todo-Poderoso, lá das alturas?

Se tenho desviado os meus passos do caminho, e se o meu coração tem seguido os meus olhos, e se as minhas mãos estão manchadas de culpa;

Se o meu coração se deixou apaixonar por outra mulher, ou se fiquei à espreita na porta do meu próximo,

Se desprezei o direito e a justiça do meu servo ou da minha serva, quando eles defenderam sua causa para comigo,

então que o meu braço se rasgue do ombro, e se rompa da articulação.

Se a desgraça do meu inimigo me fez sorrir ou me alegrou intimamente, ou ainda se as provações pelas quais passou me geraram algum prazer;

com tanto medo da multidão e do desprezo dos familiares que me calei e não saí da porta de casa para fora.

Eliú havia aguardado seu momento para falar com Jó, pois os outros eram mais velhos do que ele.

Não são apenas os mais velhos, os maiores e mais sábios, nem os mais idosos que têm o conhecimento do que é mais certo.

Asseguro-te que minhas declarações procedem de um coração íntegro; meus lábios falam com sinceridade do conhecimento que tenho.

Ele orará a Deus e será contemplado com o favor do Altíssimo, que lhe permitirá ver a face de Deus com júbilo, e restituirá ao homem a sua condição de justo.

Ora, Jó declara: ‘Sou inocente do mal que me acusam, mas Deus tirou de mim a justiça.

Se fosse o desejo dele, e de fato determinasse a retirada do seu Espírito e o seu Sopro dos homens,

e assim fizeram o clamor do pobre subir até ele, e Deus ouviu as queixas do aflito.

Sim, Jó precisa sofrer sua prova até o fim por causa do seu modo ímpio de responder às circunstâncias.

Deus é muito poderoso, e mesmo assim não despreza nenhum dos seres humanos; ele é poderoso e firme no cumprimento dos propósitos do seu coração.

Não preserva a vida do ímpio, mas retribui com justiça aos que sofrem.

Ele os fará ouvir a correção e lhes ordenará que se arrependam do mal que praticaram.

Assim também ele quer te conduzir do meio da opressão para um lugar amplo, tranquilo e livre, para a fartura da tua mesa cheia de gordura.

Ele atrai as gotas de água, e do seu vapor as destila em forma de chuvas;

Observa como ele espalha os seus relâmpagos ao redor, iluminando até as profundezas do mar.

Ora, diante de tudo isso, meu coração bate mais forte e salta dentro do peito.

Logo após a luz vem o som do seu grande estrondo: ele troveja com a sua majestosa voz! Quando a sua voz ressoa, nada pode fazê-lo voltar atrás.

A voz de Deus surge maravilhosamente na imensidão como muitos trovões; só ele realiza obras magníficas, muito acima do nosso entendimento.

Do extremo sul sai o tufão, e do recanto do norte, o frio.

Do mesmo modo carrega de umidade as nuvens, e entre elas espalha os seus relâmpagos.

Do norte vem a luz dourada; Deus vem em temível majestade.